Avó.



"Dia 13 fui a S. António o Carlinhos apanhou a Benção, seguimos a Sta. Luzia ao miradouro e por fim ao Castelo, depois lanchámos na Nacional. Chegou o Primo. Dia 17 fomos à Feira das Indústrias. Dia 21 fomos buscar o barril ao Felicio. Dia 25 o Carlinhos fez a passagem da 2ª classe para a terceira. As galinhas puseram 52 ovos."

Agenda Doméstica de 1965.


A avó, que quando era miúda fugia para o cemitério e ia cantar aos mortos, para os animar, tenho a certeza que já está a dar uma festa, junto com o avô.
Disseram-me que, para um homem, perder o pai é perder o norte, mas perder a mãe é perder o chão. Ontem voltaste a ser o Carlinhos. A avó sabia o quanto a amavas e que fizeste o melhor que sabias por ela. Por muito que sejas forte, o teu coração ontem foi de menino e portaste-te lindamente. Tenho muito orgulho em ti, pai. Obrigada por todo o amor e respeito destes dias que nunca esquecerei. Espero ter estado ao teu lado da forma que mais precisaste. Espero saber cuidar de ti com todo o meu amor. Vamos aproveitar os muitos anos que temos pela frente, com a mesma vontade de ser alegre que tinha a avó.
Eu fui a última pessoa que ela viu, e acenou-me adeus com um sorriso e olhos muito puros e bonitos. Como uma menina alegre.
Tudo vai correr bem. Nunca te sintas perdido, pois estamos aqui. Com muito orgulho de ser a tua família.

Obrigada.

2 comentários:

Telma disse...

Que homenagem tão bonita, Sara.
Abraço apertado.

Catarina disse...

querida, és enorme.