RJ #06

Sempre tivémos muita curiosidade em conhecer o local onde a minha família viveu. Quando eu, a minha irmã e os meus pais viémos ao Rio, em pequenas, batemos com o carro quando nos dirigíamos para lá.
Desta vez, não podia perder a oportunidade.
A mítica Praça Onze, de que tanto ouvimos falar, foi onde viveram os meus bisavós, avós, mãe e tios.
Hoje em dia, ela já não existe como existia, pois foi destruída para dar origem à... Marquês de Sapucaí!
Pois é, a minha mãe vivia ao lado do sambódromo. Ele sempre foi por ali, primeiro na Av. Rio Branco, depois na Presidente Vargas, e no fim desta, a Praça Onze, onde construíram o actual sambódromo.
Curioso como uma festa de pobres é hoje em dia muito bem paga pelos ricos para assistirem.
A zona à volta é muito feia e pobre.
As origens pobres da minha família comovem-me. Delas saíram pessoas muito fortes, com garra e simplicidade. Ver este local (não sei como era há mais de 50 anos) comoveu-me e tentei imaginar os meus tios e a minha mãe a brincar por ali, muito felizes como me garante a minha mãe, com total liberdade para correr até onde a vista alcança, subir às árvores, brincar na rua.
Tenho certeza que a beleza é algo muito simples.


















Cristo ali em cima à direita. Parece que abençoa o fim do mundo.























Este monumento sinaliza onde era a antiga Praça.
De tarde, muitas pessoas passeiam por ali, para ver os carros que vão desfilar nessa noite, a segunda do Sambódromo. É um desfile algo estranho. Pessoas muito pobres, sujas, ainda sob o efeito do álcool do dia anterior, a dormir ali, a vender comida e bebida, fantasias...
Os carros, de perto, fazem-me lembrar os teatros antigos, quando os cenários eram de papel, desenhados à mão, meio toscos. Mas à noite transformam-se. Os carros e as pessoas. Emoção pura, onde todos os problemas se esquecem.
























O carro do King Kong, que depois no desfile ficou preso e atrasou a Escola 10m.!


















Protegidos da chuvinha!








































Na Presidente Vargas, à espera.


















Estas gruas são para colocar as sambistas em cima do carro!


















O carro da Grande Rio, escola afectada pelo incêndio na Cidade do Samba, perdeu quase tudo e refez muita coisa. As fantasias ficaram menos ricas, diferentes umas das outras, mas eles estavam lá, abriram o Desfile da segunda noite (estando fora da competição) e foi emocionante. A Comissão de Frente não tinha quase nada  (foi a mais afectada), os sambistas, maestros, cantores, a chorar e a sambar!...


Confesso que de tão perto, este ritual perde. O sítio cheira terivelmente mal, o rio que passa aqui está quase preto, as ruas têm coisas no chão que eu nem vou falar.
Mas, continua a ser:



2 comentários:

cátia disse...

neste momento sou eu que tenho lágrimas nos olhos... que bom que foste mana :)

Fátima Garcia disse...

Oi filha. Adorei... Fiquei muito emocionada... Adoro-te. A minha menina lá, onde eu fui menina... Como sempre as fotos são lindas e cheias de vida. A avó Gina também vai gostar de ver. Mil beijinhos:) Também adoro a minha outra menina que escreveu aqui. Mil beijinhos para ela também:)