Porque me ofereceram um CD que foi gravado de um vinil antiquíssimo da Amália.
Disseram-me "quando o ouvi, soube que era teu".
Fui ouvi-lo sozinha, e quando ela começa, e depois comecei eu a cantar com ela, os olhos encheram-se de lágrimas. Cantava e sem esforço nenhum, com calma, as lágrimas amaciaram-me o rosto. Saíu a voz com todo o sentimento. Ambas as vozes, as mulheres, o poeta e a música ataram-se com um nó.Estava lá esta, que é dos meus fados preferidos e das músicas mais bonitas que já ouvi.
Partilho.meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.
Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.
Meu amor meu amor
meu nó de sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.
Composição: Ary dos Santos
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